quinta-feira, 21 de junho de 2012

Unidade plana e plena


  Andarão dois juntos se não concordarem? Impossível! Em algum lugar do caminho os laços que ainda possam existir serão quebrados quando dois pensamentos distintos se encontrarem. O problema é que muitas vezes movidos por razões próprias e grande porção de orgulho carnal nós acabamos por tomar caminhos opostos aos dos outros irmãos e irmãs que também professam fé em Cristo. Poderia haver equilíbrio? Como agir com sensatez nestas situações? O que de fato é reprovável e deve ser rejeitado a ponto de sacrificar a unidade?  
   Sabemos que há um só Senhor, um só batismo, uma só fé, um só povo de Deus, mas ironicamente, na prática o que muitas vezes nos tornamos não passa de mais um grupinho isolado com suas próprias receitas "do assim se faz igreja". 
Visto que Jesus disse que nos últimos dias o amor de quase todos se esfriará, temos um problema, um grande problema. Deixe-me esclarecer que não estou argumentando com olhos para uma unidade que abrace os sistemas religiosos que vemos hoje em dia, mas sim, para uma unidade entre os chamados para fora, irmãos e irmãs que declaram estar vivendo plena liberdade em Cristo. Há dez anos atrás quando definitivamente estava convicto de que o sistema religioso já não tinha mais nada a me oferecer, relatos de irmãos vivendo na simplicidade eram raros, pelo menos aqui no Brasil. Não tínhamos como prosseguir daquele jeito, pois já não concordávamos com toda aquela manipulação e superficialidade que nos induziram a acreditar que tais praticas faziam parte do que entendem por "obra de Deus". Quando tomamos a decisão de romper com tudo isso, definitivamente nossas maiores dificuldades foram nos livrar de todas as muletas religiosas que nos foram imputadas durante todos aqueles anos. É exatamente em meio a este processo que duas coisas acontecem: alguns desanimam e voltam atrás, enquanto outros seguem, nas casas, sustentando praticas muito semelhantes ao sistema que conheciam. 
Nos últimos 6 anos tenho conhecido irmãos e irmãs que compõem estes dois tipos de grupos e de fato esta é uma das razões pelas quais não conseguimos aprofundar nossa comunhão como deveria ser. Viver a liberdade em Cristo, diferente do que muitos pensam, exige muito mais do que se imagina. Seguir a Cristo dentro de um sistema, onde, na maioria das vezes por desencargo de consciência, você faz um punhado de coisas metodicamente e religiosamente é demasiadamente fácil. Fora dos sistemas, você tem que ser você sem mascaras,ou seja, ou você é um cristão ou não é. Assim, quando começam a olhar para os seus próprios corações e percebem que há tantas mudanças que precisam acontecer acreditam que o melhor a se fazer é voltar e seguir daquele mesmo jeito. Isso é muito triste uma vez que sabemos quão importante é passar por todo o processo aprendendo a cada dia a morrer para si mesmo para que Cristo possa viver e fluir através de nós para o mundo. O quadro que acabo de descrever é uma realidade e é apenas parte do que impede diretamente a unidade que precisamos como igreja. Outra coisa que percebo é que alguns grupos caseiros sustentam um tipo de comportamento que ainda reflete raízes do sistema no que diz respeito a sentir-se superior a outros. É certo que uns se encontram mais próximos do caráter de Cristo do que outros, mas isso deve significar apenas que estes deveriam estar mais aptos a servir os demais. A unidade plana é por em prática o que sabemos muito bem e que por sinal gostamos muito de enfatizar que é o sermos todos irmãos e que nenhum é maior do que outro. Tal verdade precisa deixar de ser apenas conhecimento e teoria. Dito isto o caminho para a unidade plana e plena continua sendo o morrermos para nós mesmos, servindo e nos sujeitando uns aos outros em amor. Assim como Cristo é um com o Pai, igualmente devemos ser um em Cristo,e então o mundo verá o resplandecer de Jesus em e por meio de sua igreja. 
Desta forma, estaremos sempre abertos a unidade com aqueles que estão inclinados a carregar a sua cruz e ajudar a levar o fardo uns dos outros.

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